17.2.09

Neuroses, Consumismo e Desapego (ser e aparentar)





Nosso medo da vida se espelha em nossa maneira de nos mantermos ocupados a fim de não sentirmos, de ficarmos na correria, não nos encararmos de frente, de nos alcoolizarmos ou drogarmos a fim de não sentirmos nosso ser.”
Alexander Lowen



Começo com esta citação. Venho lendo muito ultimamente como eu nunca li em minha vida. Além disso, sempre gostei de histórias de aventura, mistério e ficção científica, como viagens no tempo, espionagem, detetives, exploradores e personagens fascinantes como o Capitão Nemo, James Bond, Sherlock Holmes,Fausto, Kirk, Cole, Emília, Bentinho e outros fantásticos muitos. O ritmo, freqüência e gênero do que eu lia aumentou a um nível crítico, eu diria; me coloquei em frente, encarando os mestres que ousaram criticar nossa sociedade e o pensamento humano. Difícil isso, chato, pesado e efadonho; textos com linguagens pesadas e baseados em premissas que eu desconhecia e precisava ter contato e ler mais. Fiz isso e ainda faço.

O resultado mudou minha vida, me fez ver o que havia atrás de casinhas lindas e ideais, mulheres gostosas e voluptuosas, carros e motos chocantes, roupas modernas e lindas, músculos perfeitos, condutas exemplares, sucesso, poder, beleza, jovialidade, "ser cool" e possuir os gadgets mais bacanas.

Este caminho é doloroso; ainda mais quando você se depara com a necessidade de uma desconstrução de tudo o que foi levado a acreditar e valorizar.

Estive na Europa em julho de 2009 mais uma vez, graças a D'us. Pude observar muita coisa ruim, mas em relação a valores, notei que podía-se observar uma tendência forte ao respeito para o coletivo, leituras, bibliotecas, arte, história, mas de maneira desapegada: lêem-se livros com capas e páginas comuns, não luxuosas, baratos e que são abandonados nos metrôs, praças, mercados para outros usarem... Hoje vejo minhas estantes cheias deles: muitos nem li; os que li voltaram pra lá para pegar um pózinho, mofarem, serem corroídos e aguardarem o interesse de alguém do futuro .. que idéia extranha, mas difícil de imaginar eu me desfazendo deles (sem contar CDs, DVDs, fotos, camisetas, aparelhos de walkie-man, fitas cassete mofadas e ressecadas, revistas antigas, minhas coleçoes de tudo (gibis, chaveiros, angústias...).

Meus valores, o rumo que minha vida tomou, meus tropeços e como me sinto em relação à minha mediocridade, o que falta, aqueles que não estão comigo com mais freqüência, se foram, mudaram suas rotinas, os que vieram usurpar meu lugar.. Muita raiva, ciúme e inveja, derrota financeira, moral e profissional retro-alimentando-se sem parar. Estes valores, posso dizer que mudaram, inclusive (e para meu alívio), os que me ancoravam no fundo graças a pensamentos já pensados e emoções já vividas. Experiências de outros documentadas em leituras que venho fazendo. Venho praticando e testando, imprimindo a minha marca, fazendo ajustes e adaptações com o que me identifico abertamente, apropriações e evoluções tentando não ter reservas ou preconceitos quando estes de deparam com valores e paradigmas arraigados.

Rituais, práticas, experimentações, exercícios físicos, espiritualidade, conhecimento, aproximação das pessoas, olhar mais humano, estudo, trabalho, esforço mental, físico e emocional (muito mesmo), sacrifícios...

Fazia tempo que não escrevia nada. Acho que eu estava (e ainda estou fazendo downloads). Imprimindo pouco.. Foi bom! Está sendo.

Sugestão para hoje: Jean Baudrillard

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Unknown disse...

Oi, Fábio.
Obrigada pela visita.
Gostei do seu blog também. É bem interessante.
Abs!
Lu.