8.5.07

Guinea Pigs



É incrível o quanto o ser humano pode sofrer. É também doloroso perceber que precisamos ter medidas para todas as atitudes nossas, sejam elas positivas ou negativas. O "outro" nos dá essas medidas. A vida e a sociedade nos sinalizam e dão parâmetros que balisam como deveríamos agir para contentar a sociedade em que vivemos e nos "enquadrarmos" em seu padrões. Como em uma gaiola para camundongos de laboratório, que recebem castigos e recompensas conforme quem quer doutriná-lo a ter um determinado comportamento, somos assim tangidos pelo meio em que vivemos e o sistema ao qual fazemos parte. Comportamentais. Pavlovianos.


Sintonias e freqüências, energia atrai energia, marés de sorte ou azar, a espera por sermos substituídos pelo super-homem ou nos tornarmos ele. Mas se tivermos a tal força de vontade, somos capazes de tudo...(será mesmo?). Precários, frágeis, imperfeitos, vis, mau-caráteres, feios, fedidos, barrigudos, baixinhos, velhos e bobos como vez ou outra somos (talvez mais freqüentemente do que gostaríamos, mesmo indo contra a auto-imagem que fazemos de nós mesmos) -- aí nos damos conta ou caímos na real que estamos sós e que não somos tão bons assim (o que é normal para a nossa espécie, limitada e defeituosa por natureza), e é tão difícil nos acolhermos, meu D´us. Alías, vou admitir o sacrilégio de te duvidar (será que essa simples dúvida me condena ao sofrimento eterno?); você existe ou é um mito para nos dar conforto quando nos deparamos com nossa própria imperfeição e sentirmos que não estamos a sós? O fato é que no dia-a-dia estamos sim. Sós. Nós mesmos por cada um de nós, individualmente (esse é o nosso medo, nosso inferno real ao qual tentamos desesperadamente fugir e querer que não seja assim -- eu também não quero...).


É claro que existem coisas maravilhosas que nos enternecem e aquecem nossos corações: filhos, amores, alcance de sonhos pelos quais nos esforçamos muito, etc. Ou seja, não existem só sofrimentos, também alegrias, mas mesmo essas estão cerceadas por um código e normas de conduta: podemos ser felizes até certo ponto; a partir daí estamos nos excedendo...


Eu sinto que quero tanto desta vida, quero sorver até a última gota, estar pleno, presente no que estou vivendo ("viver é estar em si"...). Entretanto, vivemos a ditadura do "tem que"; tem que ser assim e não assado, tem que agir desta forma, tem que sentir desta forma, tem que gostar de determinadas coisas e valores. Muitas vezes sinto-me numa prisão social, um escravo da sociedade, da ética e da moral do contexto histórico em que nasci. Isso limita, põe viseiras, massifica, tolhe e submete. Sinto a dor disso também; como eu não queria ter tomado a pílula da capacidade de perceber isso - santa ignorância!


Feliz era o Jeca! Vida de gado: povo marcado, povo feliz!