9.2.06

Vidas Secretas - ou acolher-se nas diversas nuances...


Será que genuínamente temos o direito a segredos ? Não grandes segredos, mas pequenas privacidades (não quero dizer cutucar o nariz, coçar o umbigo, mas até o direito de simplesmente ser...).
É incrível como criamos personagens que encenamos em diversas situações para grupos ou pessoas diferentes, um personagem diferente... Fazemos isso incrivelmente (ou terrivelmente) automáticos que acreditamos que somos a soma de todos eles (será ?)... Paradoxalmente, tendemos a negar aquela faceta que sabemos que está em nós, mas não gostaríamos... É a eterna luta do Dr. Jeckyl contra o Mr. Hyde, Bruce Banner contra o Hurk, o homem contra o lobisomem...
Para nossas mulheres temos que ser fortes e viris (claro que somos sensíveis, mas temos que enforcar os nossos Hydes chorões e sofredores ao máximo). Para nossas famílias, somos príncipes; exemplos de virtude e boa conduta, a realização de uma continuação de sonhos paternos e maternos (envolvendo avós, primos, irmãos, tios, etc..) – decepcioná-los é romper ou desmoronar suas expectativas e desmerecer seus cuidados e amores investidos em nós. Aos olhos de nossos colegas de estudo ou mesmo de trabalho, somos a eficiência. Na rua, ônibus e restaurantes, somos gentis e cortezes cavalheiros... Ao final do dia estamos esgotados e longe de nós mesmos. Mas... viver não era estar em si mesmo?
Será que essa proteção, estes escudos realmente nos protegem ? Quero buscar a mim mesmo, viver... Agradar aos meus olhos, e não ao grande olho do mundo, nestes tempos de Big Brother quero ser o primeiro a ser eliminado pelo público e acolhido por mim !


Com carinho, Don Quixote